sábado, 21 de novembro de 2015

A Estrela Mais Alumiada do Sertão(Mais Um Conto de Natal)




Essa história começa com três caboclos  ¨magos¨  de fome como diz no sertão,  que eram tido como ¨Reis¨ em suas terras ¨Rei dos Bobos¨  no fim do mundo chamado Monteiro porque ficava detrás das serras, ¨Rei do cornos¨ na província chamada Rainha da Borborema¨ no meio do mundo e o ¨Reis dos tolos¨ que reinava nas terras da capitá. Eles tiveram um sonho e avisaram toda a cidade, que ia nascer o menino que ia ser o salvador e tirar o povo da miséria o povo da seca e fazer chover. Nas províncias  todos ficaram mangando acreditando ser mais uma palhaçada ou o que eles estavam melados.

O menino ia nascer lá nas brenhas, onde judas ainda ia perder as botas, lá por Belém e que uma estrela alumiada no sertão ao norte iria guiar, até lá. No sonho os três se encontrariam em Jerusalém. Mas os abestalhados erraram o caminho e foram parar na fazenda Nova Jerusalém em Pernambuco. Na volta passaram por Santa Cruz do Capibaribe em umas das fazendas do coroné Herodes bicho mais ruim da face da terra e logo foram parados pelos jagunços do coroné Herodes que disseram:

Não se bulam não, que a gente mete em vocês seus amarelos.
Os três explicaram estava seguido a estrela mais alumiada do sertão, onde ia nascer o salvador, o menino herdeiro de todo aquele mundão de terra.

Que zuada é a ai! Gritava Herodes, tragam esses doidos para cá.

Coroné Herodes já tava ficou sabendo do fuxico do ¨tᨠmenino que diziam ser o verdadeiro dono das terras (que ele roubou), ficou sabendo do fuxico e ficou invocado como ele não era abestalhado deu uma de doido e convidou os três para comer mata-fome é café e saber aonde quem era esse menino? Fí de quem? Tinha fazenda? Era fi político? Os abigobal contaram tudo.

Herodes fulero como era disse para os três reis magos, pois que alegria quando encontrarem esse menino, traga ele aqui para eu dar um pedaço da minha fazenda e u umas cabeças de gados e para vocês mandou matar três bois para fazer um churrasco vocês só tá os cambitos de mago.

Vicente, João venha cá seus cabras, bote comida pros jumentos e água e peguem aquele charque e feijão na despensa.

 E os três reis magos seguiram seu caminho sempre seguindo a estrela alumiada e chegaram numa casa de taipa, nem luz tinha, estava lá o pai e mãe sendo alumiados por um lampião de querosene e o menino que acabou de nascer o pai estava todo ancho na única sala o menino deitado em uma rede com a mãe ao lado, era natal e os três reis magos, além de ¨magos¨ eram lisos, mas não fazia desfeita trouxeram presentes para o menino.

Rapadura para lembrar que a vida é doce, mas num é mole não,, um chapéu de couro de bode para aguentar o sol forte, cantil feito com couro de bode com água da chuva para lembrar a esperança e o milagre que é a água do céu e ainda fizeram uma vaquinha e deram uma botija não se sabia que tinha ouro com alguns contos de réis, para os tempos difíceis, nóis  já vai puxar o carro disseram os três reis magos

Já não vão ficar nem pro cafezinho, acabei de passar disse José
A gente tá muito avexado, fica com deus José.

No caminho de volta veio um bicho branco do céu que os três reis magos se benzerem três vezes, mas não era assombração, era um anjo que veio avisá-los para não passar pela fazenda de Herodes, que o Coronel ia mandar os jagunços matar o menino, voltaram no meio do caminho para avisar a José se mandar de Belém, porque o coronel já tá sabendo do leriado que o menino é herdeiro das terras e pro mode a confusão de Joelma e Chimbinha o negócio tava bravo em Belém.

José e Maria pegaram o dinheiro da botija e pegou a primeira rural pra Juazeiro do Norte terra do padim Ciço levando o menino que deram o nome de Jesus e que o padim ia acolhê-los .O coroné Herodes ficou esperando os três reis magos já com uma chibata de couro e mandar aqueles doidos para correr, mas eles não passaram e mandou os jagunços ir atrás e ficou injuriado ao saber que tinha sido engabelado pelos três reis magos.

Então Herodes mandou os jagunços matar todos os moleques buchudos, nascido em na região do Cariri Paraibano e Pajeú, foi menino buchudo morto que não foi brincadeira, faltaram redes na região. Mas Jesus tava vivim da Silva com a proteção do Padim Ciço, junto com seu painho e sua mainha Maria lá em Juazeiro. O coroné Herodes morreu de morte matada por conta de uma cerca. Seus filho agora virou coroné Theodorico ¨O Imperador do Sertão¨ como ficou conhecido lá pelas bandas do Rio Grande do Norte.

De repente chega uma carta para José, Padim Ciço disse que foi um anjo que escreveu e dizia para José e a família para ir embora de Juazeiro e ir para Nazaré na Bahia, pois ainda o filho de Herodes ainda tava lá e podia querer vingança.
Em Nazaré Jesus cresceu como todo menino sadio jogando bola, jogando bila, soltando pipa. E já adulto ele se tornou o famoso, virou rei de verdade, confrontou os coronéis e políticos da região e disse mais não acreditar em políticos que prometam acabar com a fome e com a seca e não trocar seus votos e nem em voto de cabresto.

Essa história poderia até ser verdade ser Jesus tivesse nascido em Belém do Pará.

Manoel Vicente Neto

quarta-feira, 24 de junho de 2015

E NA TV MILAGRE NA RUA 34



Por Manoel Vicente Neto

Ela liga a televisão, liga o pisca-pisca, decora a casa, acende as velas na sala de jantar, põe metade de um peru no forno, um panetone e uma garrafa de vinho, uma taça apenas, dois talheres e um prato sob a mesa, sozinha, não espera por ninguém, senta, espera, a televisão está ligada em algum concerto de natal para a televisão, ela não presta atenção... 

Espera pacientemente o peru estar no ponto, desliga o forno, apaga as velas e sai, ao sair deseja para o porteiro feliz natal, ela passeia pela cidade para admirar as pessoas, o vai e vem das pessoas com suas melhores roupas, pequenos shows no centro da cidade ela passa e observa as decorações de natal que para ela nada significa.

Observa cada decoração que a são apenas luzes e cores e não a comove, ela entra nesses supermercados dia e noite, observa o funcionário do caixa com um gorro do papai Noel em pleno verão ela passou por ele contendo o riso, ele percebeu quis rir também, mas ela não podia  permite- se ser alegre nesse dia e ele também tentou conter o riso e ficou envergonhado, ela foi direto para a seção de frios comprou o queijo que ela tinha esquecido, pagou ao caixa o valor devido e depositou uma boa quantia na caixinha dos funcionários, o funcionário agradeceu e lhe disse uma coisa que a incomodou e achou estranho ele disse: ¨Dona não pense muito, apenas abra¨, ela saiu achando que o funcionário deveria está bêbado, ela sai vai em direção ao carro encontra um garoto que pede dinheiro:
—Dona é natal, tem um trocado ai?
Ela estava com o troco do queijo, deu ao garoto que disse:
—Brigado dona, Feliz Natal!
Ela responde:
— Para você também!

Ela chega ao seu apartamento, corta o queijo, tira o peru do forno, abre o vinho coloca um pouco em uma taça e espera um pouco, já sabe que seus amigos, familiares irão ligar para lhe desejar feliz natal, ainda é cedo nove horas, nove e meia toca o telefone, seus parentes ligam, mas só para desejar feliz natal, mas ela não escuta, só escuta o barulho das crianças brincando, gritando, das pessoas falando, das músicas no telefonema ao fundo, elas espera as ligações que tem que receber e sempre responde com uma voz maquinal para você também são onze horas as ligações param.

A televisão ainda está ligada em um volume mínimo, ela toma mais um copo de vinho e escuta os o barulhos dos vizinhos festejando apartamento de cima, de baixo, ao lado, as luzes das casas iluminadas entrando pela janela da sala de estar, sem ninguém está lá, ela começa a arrumar a mesa acender as velas, come um pouco do peru, um pedaço de panetone. O queijo e o vinho sozinha na sala de jantar, ela não tem cão, não tem gato na casa o que torna ainda mais solitário o ambiente, ela não come tudo, o que sobrou ela embrulha e guarda para o porteiro. O porteiro agradece ela volta para o seu apartamento, ela entra e por um minuto, ela sente o silêncio, para depois voltar a escutar o som baixo da televisão e os barulhos ocasionais dos vizinhos, ela espera, a porta que não bate, o telefone que não toca mais, os barulhos que diminuem,

Levanta abre outra garrafa de vinho e vai para a sala, senta-se no sofá vai zapeando a os canais, o mesmo de sempre, especiais de natais dos anos passados, Roberto Carlos na TV Globo, um filme de Natal no SBT, zapear por outros canais, acha muito sem graça aquela alegria forçada, aquele frio e aquela neve dos filmes, nós estamos entrando no verão aqui no hemisfério sul, pensa...ela cai no sono o controle remoto cai da sua mão lentamente no sofá e na TV passa pela milésima vez o ¨Filme Milagre Na Rua 34¨ em algum canal a cabo.

Ela sonha, o quê? não sei, o que espera não sei, todo mundo espera algo, mas ela disfarçava bem, eu aqui do prédio vizinho observo tudo isso, daqui só dar para ver os pés dela e a televisão ligada em algum filme eu acho, ela dorme com a televisão ligada as duas da manhã do dia 25 de dezembro.

Dorme um sono tranquilo, o sono dos justos, se sonhou não sei, se pediu algum presente de natal também não sei, ela é acordada por um insistente barulho do interfone, acorda meio tonta e mal-humorada, e pergunta-se quem diabos pode ser a essa hora da manhã, irritada ela pergunta quem é, não ouve resposta, perguntou pela segunda vez já irritada quem é a voz veio do outro lado:
—Apenas abra.
 Quem é? Como assim apenas abra, eu não sei quem é e você me pede para abrir?
—Apenas abra!

Lembrou-se da frase do funcionário apenas ¨abra¨, ela abriu o portão contrariada e confusa, a surpresa que ela teve quando viu aquela pessoa.

Na porta estava eu, com um buquê de rosas e uma caixa de bombons e dois gorros de Papai Noel, eu sou o funcionário do supermercado e vizinho do prédio dela.
E entrei...